Completando mais de 40 anos de existência, o Macu faz parte da tradição do teatro nacional desde 1974. Com o nome de Centro de Estudos Macunaíma e em meio à ditadura militar brasileira, a escola foi fundada por importantes artistas da nossa história teatral, como Myriam Muniz, Silvio Zilber e o cenógrafo e figurinista Flávio Império.

Como alternativa à política de intensa repressão e censura ao teatro, entre outras artes e esferas sociais, o Macunaíma surge como um centro experimental de formação teatral. A fundação da escola corresponde, assim, ao desejo de seus professores de abrigar um novo conceito de formação artística, rica em possibilidades para os alunos.

Ainda na década de 1970, muitas são as atividades promovidas pelo Macu, como os cursos de interpretação e as leituras dramáticas. Fundamental em seus primeiros anos foi também a prática do psicodrama, sob a coordenação do terapeuta, escritor e dramaturgo Roberto Freire, responsável pela criação no Brasil da Somaterapia, processo terapêutico-pedagógico realizado em grupo e com ênfase na articulação entre o trabalho corporal e o uso da linguagem verbal.

A primeira sede do Macunaíma foi uma casa no Alto da Lapa, transferida depois para a Rua Lopes Chaves, onde morou Mario de Andrade. Antes de ocupar o espaço em que a escola está instalada hoje, ela passa ainda para a Alameda Eduardo Prado, já nas imediações. Por fim, o atual prédio na Rua Adolfo Gordo se tornou o lugar mais acolhedor para o Macu, que conta também com mais três outros espaços.

 

A entrada de Nissim Castiel

Nos anos 1980, Nissim Castiel, ex-aluno da escola, assumi a direção do Macunaíma. Para dar continuidade aos princípios de fundação do Macu e aprofundar algumas se suas diretrizes, Nissim toma duas importantes decisões para os rumos futuros da escola: abolir o sistema de seleção de alunos e adotar o Sistema Stanislávski. A primeira visando a trabalhar com a diversidade e a inclusão, e a segunda no sentido de uma orientação metodológica para a proposta de preparação de atores.

Com o objetivo ainda de pensar uma pedagogia para o ensino do teatro, Nissim convida Debora Hummel para coordenar esse trabalho. Essa parceira acaba por fortalecer a visão da formação do ator como uma forma de conhecimento de si mesmo e do mundo. Por isso, o objetivo do Macunaíma é hoje formar artistas criadores, críticos, profissionais éticos e participativos.

Com a entrada de Nissim, o Macunaíma também passa a ser a primeira escola de teatro a oficializar a formação de seus alunos, oferecendo o DRT, atestado de capacitação profissional aos formandos. E a partir do Sistema Stanislavski, adaptado ao contexto brasileiro, a preparação de atores no Macunaíma tem si aprimorado e garantido um ensino de qualidade para seus alunos.

O Macunaíma, que nunca parou de investir na melhor infraestrutura para seus alunos, conta hoje com três sedes em São Paulo e uma em Campinas.  Atualmente, a escola é dirigida pelo filho de Nissim, Luciano Castiel, que além de dar continuidade aos objetivos iniciais do Macu, tem constantemente buscado os caminhos da pesquisa sobre o ensino do teatro e o aprofundamento do Sistema Stanislávski. Esperamos ter mais 40 anos de história e continuar a fazer parte da melhor tradição teatral e da trajetória de vida de nossos alunos!

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  1. Participei dos grupos do Roberto Freire, meu amado ” Bigode” e dos trabalhos corporais… uma época inesquecível, com Miriam Muniz, Silvio… Paulo Autran, Raul Cortez sempre por lá. E Elis Regina, na época produzindo Falso Brilhante, se não me engano. Mudou minha vida para sempre. Obrigada!