Reflexões sobre a formação artística no Sistema Stanislávski

Este é um momento de muitas comemorações para o Macunaíma, que está celebrando seus 45 anos de existência e, ao mesmo tempo, os 10 anos do Café Teatral. Aos encontros do Café dedicados a receber ex-alunos do Macu, somou-se então a proposta de uma conversa com os professores da escola por ela formados. E a presença do professor André Haidamus marcou esse primeiro encontro, realizado em 25 de abril e intitulado Travessias: Reflexões sobre a formação artística no Sistema Stanislávski.

A partir da noção de travessia, André passeou entre relatos/memórias, revisitando seus primeiros contatos com o teatro, sua formação no Macu, os processos que coordenou como diretor-pedagogo da escola e seu cotidiano em sala de aula. Na tentativa de compreender sua existência enquanto artista, André aportou na formação no Sistema Stanislávski, destacando o que, para ele, é uma de suas especificidades: uma via para se alcançar a “consciência de si mesmo”. Sobre uma das obras do mestre russo, André comenta:

O processo exposto na obra O trabalho do ator sobre si mesmo trata de uma travessia que explora a riqueza da natureza humana e que abrange o ser em suas questões físicas, psíquicas, emocionais e espirituais. Desse modo, o trabalho sobre si mesmo contempla um verdadeiro processo de transformação do ser humano/artista.

Refutando certezas inabaláveis, André falou sobre a complexidade dos seres humanos, únicos em suas múltiplas possibilidades, e sobre o desenvolvimento do processo de conscientização do artista em relação às situações nas quais ele se encontra, na vida e na cena. Tal processo, para ele motriz, é um meio privilegiado de transformação que atravessa o homem e o faz artista.

A noção de travessia também foi usada por André para refletir sobre esse momento de redescoberta do Sistema Stanislávski, desfechado pelos novos e inéditos materiais, ao menos para nós, relevados. No dizer de André, estamos passando por uma transformação, do ponto de vista artístico-pedagógico, que tem levado professores e estudantes de teatro a rever muitos conceitos e práticas calcificados.

Desse festivo encontro do Café Teatral fica a inspiração para atravessar a linha da padronização, permitindo a nós mesmos e ao outro, um movimento de vivificação!

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