Pela primeira vez na história do Macu, um espetáculo criado por alunos foi contemplado na 16ª Edição do Programa VAI! O hoje intitulado Coletivo Sementes se constituiu a partir de um grupo de formandos, cuja peça, Querem Nos Enterrar, Mas Somos Sementes, teve direção pedagógica de Camila Andrade

O VAI, Programa para a Valorização de Iniciativas Culturais da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, foi criado com a finalidade de apoiar financeiramente, por meio de subsídio, atividades artísticas, principalmente, de jovens de baixa renda e de regiões do município desprovidas de recursos e equipamentos culturais. 

O Programa não só abarca a montagem, produção e apresentação de espetáculos teatrais, mas abrange também diferentes linguagens, como a dança e a música, a produção de vídeos e a gravação de CDs, eventos culturais dos mais variados, a publicação de jornais, revistas e livros, entre outros.

Os principais objetivos do VAI são estimular a criação, a formação e a participação de jovens produtores no desenvolvimento cultural da cidade e promover a inclusão sociocultural. Por isso ainda, este programa de incentivo à cultura se apresenta hoje como uma forma de viabilizar os trabalhos criativos dos alunos em fase de profissionalização, como os formandos do Macu.  

Querem Nos Enterrar, Mas Somos Sementes

Para o desenvolvimento de seu processo criativo, o Coletivo Sementes realizou estudos da obra do dramaturgo romeno Matei Visniec: A Palavra Progresso na Boca de Minha Mãe Soava Terrivelmente Falsa. A peça, que fala da guerra, da dor, da memória feriada, conta a história de uma família que teve seu filho morto em batalha.

No entanto, a pesquisa dos formandos do Macu procurou uma abordagem nacional para a temática proposta por Visniec, ao retratar a violência urbana contra a juventude da periferia, uma guerra travada cotidianamente nas grandes cidades brasileiras. 

 Para tanto, o grupo se aproximou do movimento Mães de Maio, uma rede de mães, familiares e amigos organizada em prol da luta por justiça às vítimas dos Crimes de 2006 em São Paulo, quando 493 pessoas, das quais 400 jovens negros, foram brutalmente executadas pela polícia.  

O espetáculo, que também foi um dos selecionados para participar do Festival Vai, se apresentou como parte da programação do evento, em dezembro de 2019, no Centro Cultura São Paulo. Mas estes alunos já estão na estrada não é de hoje. 

Ainda em 2017, Querem Nos Enterrar, Mas Somos Sementes participou da 4ª Edição da Mostra Agosto Popular de Teatro, promovida pela Cia. Teatro da Cidade, no Centro de Artes Cênicas Walmor Chagas, em São José dos Campos. E, em 2018, o espetáculo integrou a programação do extinto Galpão Arthur Netto, em Mogi das Cruzes, cidade da região metropolitana de São Paulo. 

Já em 2019, o Coletivo Sementes fez parte do Festival Opereta 25 Anos, realizado em comemoração à trajetória do Espaço Cultural mantido pela Associação Cultural Opereta, que fomenta ações artísticas e culturais na cidade de Poá e região do Alto Tietê. No mesmo ano, o espetáculo foi também apresentado na Mostra Jovem de Artes Colaqui, realizada no SESC Vila Mariana, que reuniu tanto grupos em processo de profissionalização quanto jovens em suas primeiras exposições artísticas. 

De acordo ainda com o edital do Programa Vai, o grupo circulará com o espetáculo por espaços culturais públicos localizados nas periferias da grande São Paulo. Em cada espaço serão realizadas apresentações seguidas de roda de conversa. A programação, que teve início na Casa de Cultural do Butantã, está temporariamente suspensa em função da pandemia de Covid-19, mas retornará assim que possível. 

O Teatro Escola Macunaíma destaca, valoriza e incentiva tais iniciativas de nossos alunos, pois as entende como mais uma etapa de sua formação e como os primeiros passos de sua profissionalização. Esperamos que atitudes como essa inspirem os estudantes de teatro a manter viva essa arte do encontro, buscando por novos públicos e pela revitalização da relação ator/espectador.

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