O Processo de Formação Continuada dos Professores do Macu

Aproveitamos o recém-comemorado Dia dos Professores, em 15 de outubro, para falar um pouco sobre o processo de formação continuada do corpo docente do Macu. Mas, antes de tudo, no que consiste esse processo? A formação continuada visa ajudar os educadores a desenvolver novos conhecimentos, a fim de contribuir para o seu trabalho dentro da escola e da sala de aula.

Por isso, a formação continuada é tão importante para os professores quanto para os alunos e alunas. Além disso, para os docentes, esta é uma forma de entrar em contato com novas práticas pedagógicas e tendências de ensino. O que, por sua vez, acaba motivando alunos e alunas, tendo em vista a promoção de um ambiente de aprendizagem mais dinâmico e interessante.

Dessa maneira, o processo de formação continuada dos professores do Macu acontece de várias formas. Uma delas é por meio da Semana de Planejamento, em que a equipe da escola se reúne para projetar um novo semestre letivo. Esse processo também se dá por meio de cursos de especialização promovidos pelo Macunaíma e ministrados por mestres do teatro nacionais e internacionais. Mas, neste artigo, vamos destacar o papel das reuniões semanais, coordenadas por Debora Hummel.

As reuniões semanais

Às sextas-feiras no Macu são dedicadas às reuniões de diferentes segmentos da formação dos alunos e alunas. Há horários específicos para os encontros do Curso Infantil, Iniciantes, como para as disciplinas de Atuação do PA1 e de Montagem do profissionalizante. Estes, claro, são momentos em cada professor ou professora partilha seus processos, suas angústias e descobertas.

Porém, sobretudo, as reuniões semanais do Macu são focadas na pesquisa coletiva do Sistema Stanislávski. O inquieto grupo de professores da disciplina de Atuação do PA1, por exemplo, sempre investiga e analisa novas estratégias de “alfabetização” das turmas no Sistema. E isso porque este é o primeiro estágio em que alunos e alunas têm um contato mais próximo, inclusive conceitual, com os elementos de Stanislávski.

Já as reuniões de Montagem se centram no tema de investigação do semestre, que orienta as criações artístico-pedagógicas do Macu e procura evidenciar um elemento do Sistema a ser aprofundado. O que acontece por meio de sugestões de leitura, da exploração de diferentes formas de registro individuais ou coletivas e de dinâmicas de reflexão propostas pela coordenadora pedagógica Debora Hummel. Como neste semestre, em que estamos nos debatendo em torno da Verdade para Stanislávski.

Leituras, registros e reflexões

Iniciamos o semestre letivo com a perspectiva de Elena Vássina, que apresentou a concepção de Verdade para Stanislávski. A professora do Curso LETRA da USP participou da Semana de Planejamento do Macu, realizada no final do junho, e provocou os primeiros passos de nossa pesquisa. E, para dar continuidade a esses estudos, Debora Hummel, com a colaboração da professora mestra Simone Shuba, selecionou duas leituras sobre o assunto a serem trabalhadas nas reuniões semanais.

A primeira leitura sugerida foi o capítulo “A arte da Perejivánie e a Verdade Artística”, do livro Stanislávski e o Trabalho do Ator Sobre Si Mesmo (2021), de Michele Almeida Zaltron, um dos últimos lançamentos da parceria entre o CLAPS e a Editora Perspectiva. E, a segunda, o capítulo “Crença e Senso de Verdade”, da obra O Trabalho do Ator: Diário de um Aluno (Martins Fontes, 2017), do próprio Stanislávski, com edição de Jean Benedetti e tradução para o português de Vitória Costa.

A princípio em um primeiro momento, cada professor ou professora realizou sua leitura individual dos textos e fez seu próprio registro em forma de anotações. Em pequenos grupos, essas anotações forma compartilhadas e debatidas, resultando em um novo registro, agora coletivo. E, para finalizar, cada pequeno grupo apresentou a documentação gerada a partir de suas reflexões, que foram ainda discutidas por todo o corpo docente da disciplina de Montagem.

O registro em forma de glossário

Dessa maneira, foi proposto a cada pequeno grupo que experimentasse uma nova forma de registro: o glossário. Um glossário consiste, geralmente, de uma lista de termos de um determinado domínio do conhecimento acompanhados de sua definição. Como uma espécie de dicionário para palavras e expressões pouco conhecidas ou específicas de certas áreas, ele é utilizado para facilitar a apreensão de palavras/conceitos/concepções, a fim de esclarecer os seus significados.

No caso do Macu, cada grupo destacou dos textos lidos quais termos fariam parte de sua lista. E além disso apresentou, para cada um deles, uma definição reelaborada com suas próprias palavras e ideias. Além de serem compartilhados e discutidos com os outros grupos, os glossários estão agora à disposição dos professores e compõem o nosso material pedagógico no semestre.

Todas as formas de registro, para nós do Macunaíma, são ferramentas pedagógicas valiosas, pois acreditamos que essa prática permite organizar melhor o pensamento e as ideias. Assim, o registro, enquanto forma de objetivar as experiências, nos viabiliza refletir e repensar sobre a prática em sala de aula. Mas, para além disso, a proposta de criação do glossário ainda teve como objetivo a criação de um vocabulário comum entre os professores do Macu.

Dessa maneira, no que se refere a Stanislávski, o processo de revisitação de seu Sistema e as recentes traduções de seus originais têm revelado novos termos e corrigido outros. Por sua vez lado, se faz importante que uma escola fale a mesma “língua”, já que isso interfere diretamente na trajetória de aprendizado dos alunos ou alunas.

Nesse sentido, a criação do glossário também favoreceu alinhar o nosso coletivo docente. Esse procedimento é, no entanto, apenas um dos muitos que fazem parte do processo de formação continuada dos professores do Macu. Uma escola sempre em busca de novos conhecimentos que afetem o trabalho em sala de aula. Entre em contato conosco

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