No dia 05 de junho de 2020, acontecia o seminário online Veredas Para o Futuro: O Mundo Pós-Covid-19, como parte da programação da Semana de Meio Ambiente 2020, promovida pela Universidade de Brasília (UnB), que teve como palestrantes: Edgar Morin, Pena-Vega e Cristovam Buarque.

Este seminário foi realizado em uma sexta-feira pela manhã, quando os professores e professoras do Macu estão reunidos para discutir o programa de aulas da disciplina Atuação I (PA1), como se sucede habitualmente. No entanto, esta reunião foi cancelada para que todos e todas pudessem assistir à fala de um dos principais pensadores contemporâneos: Edgar Morin. 

Na semana seguinte, nos pusemos então a refletir sobre as palavras de Morin e o impacto que elas haviam tido em nós. “Como olhamos para as crises?” “Como podemos pensar em um destino comum a partir do depois?” “Onde foi parar a humanidade?” Estes foram alguns dos questionamentos surgidos de nossos debates. 

Entre inúmeras coisas, Morin apontou para os abismos sociais, que mais do nunca se evidenciam, e são acompanhados de crises mundiais da democracia, da corrupção generalizada e da ascensão de Estados autoritários. O pensador ainda advertiu sobre a necessidade de se olhar para o passado para se reconhecer o perigo e ser capaz de criar um novo caminho e um novo jeito de caminhar, salientando que a busca por um destino comum permeia o olhar para o melhor dos mundos. 

Assim, entendemos que a crise deve ser o campo que nos possibilite, de fato, sermos atravessados e, em nossas ações, criarmos o movimento de um outro futuro. Estamos de passagem e é, nesta passagem, que devemos construir, reorganizar e ampliar a consciência do agora, entendendo-o como o despertar. 

O despertar para uma consciência planetária 

Tendo em vista a potência das reverberações geradas por esta vivência que, no entanto, contemplou apenas alguns professores e professoras, Debora Hummel, coordenadora pedagógica do Macu, identificou um possível tema a ser investigado e aprofundado por todo o coletivo docente. Deste modo, após algumas elaborações, o enunciado “O despertar para uma consciência planetária” fixou-se como um guia norteador para os processos criativos do semestre.  

Durante a experiência do isolamento, como nunca, nos encontramos para conversar, debater, discutir o futuro, sonhar as próximas realidades. Parece que deixamos de lado a indiferença para com os problemas alheios e o individualismo. Parece que voltamos a pensar em NÓS. E este foi um dos móveis a partir dos quais se pôde chegar à pergunta-chave do projeto a ser desenvolvido por diferentes turmas ao longo deste semestre: “Como a arte teatral pode juntar esforços coletivos para despertar na humanidade uma consciência planetária?”

Mas como se pode entender a ideia de planetária segundo Morin? Ela parece remeter a um contexto em que todos os indivíduos, independente da nacionalidade e do contexto em que estão inseridos, fazem parte de um mesmo planeta, que requer cuidados e que necessita ser valorizado. Ela pode, assim, se referir a diversas esferas, como escola, cidadania ou mesmo era, na qual, para Morin, todos os animais enfrentam os mesmos problemas vitais e mortais”.

A partir deste projeto arrojado e de seus múltiplos desdobramentos, pretendemos:  estabelecer tomadas de consciência conceituais e práticas dos princípios do Sistema Stanislávski como questões éticas e humanas, ao mesmo tempo em que criar condições e alternativas que estimulem os alunos e alunas a terem concepções e posturas cientes de suas responsabilidades como integrantes do meio ambiente social, cultural e político. Estes pontos de chegada, conforme definidos em nosso projeto, tangem à utopia. Mas, de acordo com o que acreditamos, felizes as nações e gerações que ainda são por elas alimentadas, pois as utopias são capazes de deslocar o irremovível!

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